A Agenda de Resultados – Parte I: Brasil

Em abril tive a sorte de visitar Brighton, no Reino Unido, para o congresso do Big Push Forward, um núcleo de acadêmicos, líderes de ONGs internacionais e avaliadores profissionais preocupados com o que chamam de Agenda de Resultados (Results Agenda) no âmbito da avaliação. Para participar da conferência foi necessário compartilhar uma “experiência” pessoal da Agenda de Resultados. Naturalmente, compartilhei minhas impressões (incipientes) sobre  a falta dessa agenda no cenário brasileiro:

Minhas experiências quotidianas no Brasil continuamente me fazem pensar como a Agenda de Resultados é  incompatível com a cultura da nação. A incompatibilidade geral certamente se entrelaça causalmente com a falta da presença da Agenda no cenário nacional. Eu, com a minha herança do ‘Norte Global’, também sinto a falta do que chamaria uma ‘cultura de avaliação’. Não sou antropólogo, mas enxergo que a cultura brasileira tem um jeito distinto de atribuir  responsabilidades, discutir objetivos e criticar, que eu estou constantemente aprendendo. Minha empresa trabalha com contratos públicos, fundações privadas e ONGs. Nenhuma vez ouvi um cliente perguntar sobre um ensaio clínico aleatorizado. Projetos quantitativos são escassos. Treinamento quantitativo é concentrado numas poucas instituições. Neste sentido, a empresa tem suas razões, por exemplo, para introduzir/enfatizar a ideia de um grupo de controle aos clientes novos. Eu concordo com o nosso meta-objetivo de instilar uma mentalidade mais orientada aos resultados [de programas sociais]. A questão é se eu posso articular de forma convincente como esta mensagem pode se modificar, em condições erradas, na ‘Agenda de Resultados’ (com suas conotações pejorativas).

No momento, o campo brasileiro de monitoramento e avaliação é pequeno, mas seus membros são sérios, bem treinados em geral, e altamente profissionais – daí o setor estar pronto para um crescimento enorme. Como vêm duma nação que foi por muito tempo economicamente isolada , uma líder regional, e um ator global importante, os brasileiros parecem seletivos em relação a ideias importadas [ideologicamente]. Ou seja, o Brasil pode ser um dos lugares mais importantes no mundo para o desenvolvimento da cultura e da prática da avaliação no futuro. Finalmente, o momento é AGORA, no começo, no momento em que as borboletas têm potencial máximo de gerar furacões.

(traduzido do inglês)

São as minhas observações informais, feitas sem consultar a ninguém, e certamente enviesadas pelas particularidades de minha posição e história pessoais. Será que servem para gerar uma discussão crítica com vocês, caros leitores?

Qual é o caminho que uma pessoa segue para entrar neste setor? Como se destaca- dos demais?

Como se posiciona o setor brasileiro de M&A em relação a  setores, escolas de pensamento e discussões internacionais? Latino-americanos? Norte-americanos? Quais são as suas particularidades?

Deixo aberto – quais são as suas opiniões?

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.