O ano que passou foi muito generoso com nossa empresa.
Primeiro, foi o ano de nossa internacionalização. Com representantes nos EUA e na Alemanha, avançamos na execução de avaliações da cooperação internacional, entre as quais se destaca o Projeto Coton-4 nos países produtores de algodão do leste do continente africano. A EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), juntamente com o Instituto Brasileiro do Algodão e a ABC (Agência Brasileira de Cooperação) levou conhecimento nacional para aprimorar as técnicas de cotonicultura no Mali, Burkina Faso, Chade e Benin. Esse projeto, que acaba de concluir sua primeira fase, está sendo avaliado por nós in loco. Nos seus 27 anos de existência, é a primeira vez que a ABC realiza uma avaliação externa de um projeto de cooperação técnica.
É também na agricultura que obtivemos outro marco internacional importante para a Plan, com uma pesquisa para determinar o perfil de risco de produtores rurais no Mato Grosso do qual participam professores de duas universidades estadunidenses e uma brasileira. “Perfil de risco” é como os economistas classificam o pendor de um agente econômico para decisões mais conservadoras ou mais arrojadas. No caso do Mato Grosso, procura-se entender em que circunstâncias o produtor rural converte uma área de pasto em lavoura, faz melhorias na pastagem, arrenda as terras para um agricultor ou pecuarista, ou ainda a mantém como está. Com a incessante expansão do consumo mundial de commodities agrícolas, e tendo o Brasil como seu principal produtor real e potencial, os pesquisadores procuram conhecer os determinantes da pressão da expansão do agronegócio sobre novas áreas agricultáveis. E também a partir disso projetar modelos para conter o avanço da fronteira agrícola sobre áreas de floresta.
Em 2014 aprimoramos nossos processos de coleta de informações para dar conta de pesquisas cada vez mais complexas como esta. Introduzimos questionários eletrônicos com grande sucesso. Os tablets permitem o acesso imediato aos dados produzidos, reduzem erros de preenchimento e ainda abrem possibilidades inéditas para a validação de dados qualitativos. Uma pergunta aberta é respondida diretamente a um gravador de voz embutido; locais de pesquisa são marcados por GPS para que se possa analisar padrões espaciais e validar endereços; fotos e vídeos enriquecem o conteúdo de análises sobre temas tão variados como a cultura material, a arquitetura, a vestimenta, sofisticando as possibilidades da avaliação holística, “quanti-quali” ou de métodos mistos. Avaliações já na origem desenhadas para a produção de uma grande gama de informações sempre existiram, mas o desafio era o de dar conta de organizar esse material para a produção de insights. Os meios eletrônicos de coleta facilitam enormemente esse trabalho.
Nesse campo dos grandes repositórios de dados, a Plan protagonizou a construção do banco de informações do SICG (Sistema Integrado de Conhecimento e Gestão) do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Muitos vão se surpreender ao saber que o Brasil não dispunha de um acesso público aos bens e manifestações artísticas protegidos pelo órgão máximo do patrimônio. Com o SICG, os cidadãos entram em contato com cada um deles por meio de fotos, vídeos, gravações, localização geográfica e históricos de tombamento. Uma ferramenta valiosa seja para o pesquisador acadêmico, seja para aqueles que pretendem conhecer melhor a riquíssima cultura do país numa viagem de férias.
Neste ano também nossa equipe permanente praticamente dobrou de tamanho, e ganhamos mais consultores associados em áreas temáticas como a saúde pública, educação e serviço social. No campo da criança e do adolescente, realizamos a linha de base de um projeto da ONG Plan International em convênio com a farmacêutica Nivea. As linhas de base são pesquisas da situação inicial de um público-alvo, e fundamentais tanto para a avaliação de impacto posterior como para a chamada avaliação formativa, que trata da adequação entre as ações tomadas por um projeto e os desafios a ele apresentados.
No campo do advocacy, reforçamos nossa relação com o Instituto Sou da Paz, sistematizando a experiência da Rede Justiça Criminal, que reúne organizações que defendem melhorias na execução penal no país e da qual o instituto faz parte. Também apresentamos nos congressos das sociedades europeia e estadunidense de avaliação os resultados de nosso aprendizado metodológico com outros trabalhos realizados nessa área para organizações da sociedade civil. O método de análise de redes que desenvolvemos na Plan para aplicação na avaliação de pequenas organizações foi premiado como melhor pôster no congresso anual da American Evaluation Society.
Destaco ainda nosso crescimento contínuo em trabalhos de monitoramento tradicionais, como o cadastramento e avaliação de programas habitacionais, que estão na origem da empresa, com três novos clientes de grande porte, e o trabalho de consultoria na Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional do Estado de São Paulo para o acompanhamento do OpR (Orçamento por Resultados). Esse projeto está por trás de uma das maiores mudanças na forma de atuação das burocracias públicas no Brasil, passando de um foco em programas e atribuições para a priorização da transformação social. Recursos são alocados preferencialmente para resultados e objetivos comprovadamente eficazes. Essa comprovação de eficácia se dá pelo monitoramento de indicadores que estejam relacionados com a transformação pretendida pelo órgão. A Plan vem assessorando o amadurecimento do OpR na Secretaria de Administração Penitenciária e, a partir de 2015, na Secretaria de Educação. É um trabalho quase invisível mas de grande potencial de melhoria na execução das políticas públicas.
Os méritos dessas conquistas estão com a equipe da Plan, qualificada, determinada e envolvida com cada um dos trabalhos que executa. Parabéns a todos.
Parabéns pelas grandes conquistas de 2014!
Que em 2015 seja colhido ainda mais sucesso!