Falamos há duas semanas da beleza da visualização de dados e de como, nesse processo, é possível encontrar evidências ou indícios que passariam despercebidos de outra forma. Vimos também que a visualização de dados pode assumir muitas formas e funciona muito para lá dos gráficos de pizza e, ao longo dos próximos posts, falaremos um pouco mais sobre isso. Hoje, começaremos a falar de visualização de dados associados a informações geográficas.
Exemplo clássico desta forma de visualização de dados é o mapa de cólera que John Snow desenvolveu em 1854, durante um surto de cólera em Londres. Em apenas três dias, tinham falecido 127 pessoas, todas elas na vizinhança da Broad Street. A hipótese mais comum era de que o surto seria provocado pela poluição ou por um “mau ar”, mas a proximidade geográfica entre os casos indiciava que a causa seria outra.
John Snow, que já em 1849 havia questionado essa hipótese, conseguiu demonstrar a sua teoria mapeando os casos de cólera. No mapa [consulte versão ampliada aqui], nota-se claramente a proximidade geográfica dos casos de cólera registrados e, no seu centro, o que viria a ser identificado como origem da epidemia: o poço de água da Broad Street.
Aprofundando a proposta de Bill Rankin, que tinha mapeado as fronteiras étnicas de Chicago, Dustin Cable desenhou um mapa racial dos Estados Unidos, colorindo um ponto por habitante. Recorrendo a dados do Censo de 2010, e com pontos de tamanho inferior a um pixel, Cable definiu não só as fronteiras raciais, mas deu um passo para a identificação de zonas de maior e menor integração racial, por considerar cores intermédias em caso de sobreposição. O mapa de Cable pode ser analisado com mais pormenor aqui.